quinta-feira, 8 de maio de 2008

O susto da semana passada...

Agora que já passou o susto que eu mencionei já há alguns dias, posso descrever o que se passou.
Como é óbvio, já várias pessoas me perguntaram o que se passou mas só agora estou preparada para escrever.

24 de Abril – Recebi uma carta da Maternidade a chamar-me para uma consulta de Rastreio Pré Natal para o dia 6 de Maio. Como sou uma mamã muito preocupada fiquei logo com a pulga atrás da orelha. Ninguém me avisou que eu iria ter essa consulta. O papá e os avós acharam a mamã exagerada e disseram que o mais provável é que fosse a esperada ecografia morfológica. Eu não fiquei muito convencida…

25 de Abril – Liguei para a Maternidade. Mas como era feriado não consegui falar com ninguém da consulta externa. A telefonista só me disse para não me preocupar pois se fosse algo grave não me chamariam só para 6 de Maio. Claro que o meu conceito de gravidade é outro… Mas como fui passar o fim de semana fora, consegui relaxar e despreocupar-me.

28 de Abril – Liguei de novo para a Maternidade e a conversa foi a seguinte:
- Que idade é que tem?
- 29
- Ah. Então não deve ser disso… A sua ecografia do 1º trimestre estava bem?
- Estava tudo dentro dos parâmetros normais.
- E a análise bio-química? Já soube os resultados?
- Não.
- Então deve ser isso. Esta consulta serve para analisar os resultados de análises ou exames que estão fora do normal. É provável que lhe indiquem mais exames para averiguar…
- Obrigada

Pois este obrigada foi já com a voz bem tremida. Eu não quis acreditar. Apareceu uma nuvem muito negra sobre a minha cabeça. Mas ainda achando que a funcionária pudesse estar errada, falei com um médico, que me disse exactamente o mesmo.
Pois este dia passei por um pesadelo…

O que eu vou escrever agora é algo muito pessoal mas que pode ajudar muitas mamãs a não se sentirem únicas no mundo a pensar desta maneira (como eu me senti!)
Segundo o que ouvi, era provável a minha estrelinha ter alguma deficiência. E para averiguar melhor, seria necessário fazer uma amniocentese. Pois o problema começa aqui. A amniocentese é um exame muito habitual e aconselhado a todas as mamãs com mais de 35 anos. Em Portugal, a taxa de insucesso deste exame (aborto na semana a seguir ao exame), já diminuiu bastante, mas ainda é de 1/200. Por cada 200 exames que correm bem, 1 corre mal. Quais as possibilidades que eu tinha?
1- Fazer o exame, correr bem, o resultado dar negativo e eu viver uma gravidez feliz e despreocupada.
2- Fazer o exame, correr bem, o resultado dar positivo e aconselharem-me uma introdução voluntária da gravidez. Algo que eu não sei se seria capaz. Aliás, tenho quase a certeza que não seria capaz. E não seria uma questão moral nem religiosa. Seria uma questão de amor.
3- Fazer o exame, correr mal, e eu nunca mais me perdoar de ter perdido um filho por fazer um exame que eu mesma autorizei.
4- Não fazer o exame e enfrentar tudo e todos com uma gravidez onde nunca saberia se o meu filho é saudável ou não.
Pois acrescentando a tudo isto, a mamã não decide sozinha. O papá também tem que decidir. Como este susto não durou mais do que 2 dias, e não tendo em mãos os resultados da análise bio-quimica, não chegamos a discutir muito o assunto. Todas estas possibilidade foram só marteladas na minha cabeça. Ainda não podia decidir nada.

Mas doeu, doeu muito. O meu maior desejo estava ser ameaçado por uma tempestade muito feia. Para os médicos, talvez esta tempestade estivesse só na minha cabeça. Faz-se a amniocentese e pronto. Mas felizmente, esta mamã tem grandes amigas que acima de tudo compreenderam a sua posição e não acharam de maneira alguma que fosse eu que estivesse a fazer um drama. Nestas alturas precisamos sempre de alguém que nos compreenda e que sobretudo não desdramatize. Desdramatizar estas situações é o mesmo que dizer que a mamã está louca.

29 de Abril – Como eu não aguentaria até ao dia 6 de Maio sem saber o grau de probabilidade de deficiência da minha estrelinha, estava disposta a ir à Maternidade exigir para ver o meu processo. Mas felizmente não foi necessário. O médico ligou-me a dizer que não havia problemas com a análise bio-química. Toda esta roda viva foi provocada por eu ter espinha bífida.
Quando eu informei os médicos na 1ªconsulta que sofria de espinha bífida, ninguém me avisou que isso faria com que a minha probabilidade de ter um filho igual seria de 1/35. E que, por isso, teria que ser vigiado ecográficamente com muita atenção. Felizmente, o meu caso não é grave, pois não tenho o tubo neural afectado (senão teria deficiências complicadas), o que diminui ainda mais as probabilidades.

Moral da história: Só tenho que fazer uma ecografia morfológica mais detalhada!!
E como tomei todo o ácido fólico direitinho e bem antes de engravidar, estou muito optimista. A minha estrelinha só pode ser muito saudável. Sim, esta mamã é por natureza muito optimista. Só dramatiza quando o drama lhe bate à porta.

Não sei o que dizia a meteorologia para esses dias, mas só sei que dia 28 choveu e no dia 29 fez o sol mais lindo que eu já vi (pelo menos dentro de mim foi assim…)

Um Muito Obrigada a todos aqueles que tanto me apoiaram!!!

2 comentários:

klaudinha disse...

Oh amiga... que susto!!! Fico feliz por tudo estar bem!!! realmente as angustias de mamã começam bem cedo... Uma beijoca grande para a estrelinha!!!

Unknown disse...

Cris,
Tenho acompanhado o teu blog. Deixa-me dizer-te que eu apanhei um desses sustos com a Madalena. Mas mesmo. E até ao fim. O rastreio pré-natal deu uma probabilidade acrescida de a Madalena ter síndorme de down ou trissomia 21. Resolvemos não fazer a amniocentese, fazer mais ecografias detalhadas, que me sossegaram bastante, e mantive-me optimista até ao fim. E no parto só queria saber se era perfeita e era. E até o parto foi fácil (embora ela pesasse 4,100kg). Compensou e a Madalena é, como sabes, perfeitinha e linda! Mas custa, custa sempre saber que há uma hipótese... Bjs. Joana